SXSW Dia 04 - Espaço sideral, design, tecnologias e narrativas. Gerando conexão com o ser humano.
- Danton Rodrigues
- 18 de mar. de 2023
- 5 min de leitura
Quando vamos para um evento como esse, a expectativa é sempre ver coisas novas e sair um pouco da zona de conforto. Afinal, estamos em outro país, em contato com pessoas do mundo todo, em um dos principais eventos de inovação do mundo. Eu só não esperava que o dia 04 já começasse dessa forma, onde pude presenciar a ficção científica deixar de ser ficção diante dos meus olhos!
O primeiro conteúdo foi uma sessão com a Nonfiction. A missão da empresa já é ousada, e seu principal objetivo é transformar ficção científica em realidade para a criação de um futuro melhor.
Para trabalhar com eles, você precisa marcar 3 itens de uma checklist: Ter em mente a criação de algo realmente inovador e nunca antes visto, o seu objetivo de produto deve abordar pelo menos um objetivo de desenvolvimento sustentável da ONU (Eu particularmente achei isso muito interessante.), hoje eles são 17, e a Nonfiction não quer fazer coisas por fazer. E por fim, traçar um caminho que realmente coloque a execução em prol do sucesso.

Se essa introdução já não fosse interessante o suficiente, e que poderia ser o driver de diversas empresas de tecnologia pelo mundo, a dupla está sempre de olho no espaço e nas necessidades de astronautas, porque segundo eles, a "corrida espacial" acelera inovações que podem ser trazidas de volta para Terra para pessoas como eu e você.
Se o espaço é um ambiente com condições extremamente desfavoráveis para o ser humano, já que não podemos transformar esse ambiente hostil, como podemos fazer com que os humanos se tornem super-humanos?
A resposta pode estar no desenvolvimento de wearables e até mesmo, “eatables”.
Para se ter uma ideia, eles apresentaram uma série de produtos que parecem ter saído de um filme futurista: estimuladores elétricos para o cérebro que te fazem dormir, um headset que ensina seu cérebro a desempenhar tarefas da melhor forma, um visor para ampliar a visão em ambientes de baixa visibilidade e até mesmo um robô que você pode engolir para fazer seus exames. Vale a pena passear no site da empresa e ficar de boca aberta com cada projeto, e o mais interessante, grande parte dos projetos foi inspirado em problemas que astronautas vivenciam quando estão no espaço sideral, como baixa visibilidade na superfície de lugares como a lua, dificuldade de comunicação, exercícios, cuidado médico e até mesmo alimentação. A lição que fica é: nós designers estamos resolvendo problemas ou apenas gerando o próximo produto a ser descartado?


Para ficar sempre atualizado com os produtos e projetos da Nonficition, vale a visita também para o canal deles no YouTube, dedique um tempo para sua série de videos: Future Future.

Competir com um assunto como esse não é nada fácil, mas aqui no SXSW é assim, 1 dia, 1000 conteúdos, a cabeça transbordando de ideias.
Outro destaque do dia foi para a sessão "Web3, Storytelling and why you should care about it". Em uma sessão com a participação de Maghan McDowell, da Vogue Business, JC Oliver, da Move78, Nico Sarti, da Condé Nast e Alex Wilson, da Amplify, ouvi sobre a digitalização de um dos segmentos mais provocativos do "mundo real", as revistas de moda.
Quando o assunto é conexão entre seres humanos, a narrativa é mais do que necessária. Não adianta a sua marca criar um mundo inteiro no metaverso se ele for vazio, insípido e sem graça. Esse painel foi sobre utilizar a tecnologia para construir narrativas ainda mais conectivas, criando assim uma verdadeira comunidade para o público.
A conversa se iniciou de modo interativo e o time do painel provocou os participantes sobre o quanto estamos próximos de estarmos inseridos no Metaverso. E a realidade é que o metaverso já está por aí há algum tempo.
Comunidades como o Second Life já pavimentaram o caminho do social gaming e o que hoje algumas pessoas veem com distinção, sobre estar no metaverso ou no "mundo real", não é tão percebido pelas gerações mais jovens.
História, objetos, aparência, personalidade! Tudo isso já está presente nesses mundos massivos de conteúdo e há sincronia com o nosso mundo fora dos jogos.
Mas o que move as pessoas para esse lugar? Boas razões!
Identificação, conexão, endosso de creators... esses são os maiores fatores que levam pessoas comuns a buscarem experiências com a sua marca, e se essa identificação não acontecer, talvez você não esteja falando a linguagem da sua audiência real. Por isso, um posicionamento claro, com valores, mensagens e princípios de experiência são vitais para construir esses mundos.
Tendo como visão o fato de que o metaverso distorce percepções da realidade, espaço e tempo, a sessão trouxe dicas e temas interessantes como a metapersonalidade, persona que as pessoas assumem nos ambientes digitais, os testes que sua marca pode fazer em ambientes de baixo custo como o Roblox e até mesmo a proteção legal dos assets da marca nesses universos para evitar pirataria. Um prato cheio para os entusiastas do tema.

E a conversa não para por aí, o assunto também foi tópico de discussão na sessão "IRL - The Power of Human Connection". A sessão abordou a construção de experiências inesquecíveis.
IRL, no caso, significa IN REAL LIFE, e a sessão discutiu o uso de tecnologias integrando ambientes físicos a digitais como maneira de transformar eventos de forma ainda mais sensorial, criando novas realidades e universos. No time de profissionais estavam Didi Bethurum, CCO da Meow Wolf, uma empresa especializada na criação de experiências multimídia imersivas, Vivek Sagi, CTO da Eventbrite e Jonathan Yaffe, CEO da AnyRoad, uma das empresas mais promissoras no ramo de experiências de marcas e eventos, a AnyRoad auxilia empresas a entenderem e otimizarem suas métricas de experiência.
Durante a conversa eles citaram 3 fatores chaves de sucesso para experiências de marca incríveis:
01. O elemento surpresa / fator wow - O quanto sua experiência vai surpreender as pessoas e deixá-las boquiabertas.
02. A integração do público com o universo que você está criando - O quanto o público se identifica e se sente parte daquele universo. É como ele acessa esse lugar e se coloca dentro daquela narrativa.
03. A criação de uma comunidade - A sua experiência deve gerar conversa e conexões entre pessoas, e sua marca precisa participar ativamente para manter essa conversa viva. Comunidade está diretamente a fidelidade e ao endosso.

Um dos pontos altos dessa sessão foi a discussão sobre como seria possível mensurar a emoção. Experiências não são lineares, e é necessário um acompanhamento de cada pedaço dela para entender e medir se o resultado foi efetivo.
Em algum momento, Yaffe até comentou sobre uma ocasião que viveu na Redbull quando questionado se a experiência que estava promovendo estava sendo positiva. Sua resposta foi: "Basta ver os sorrisos no rosto das pessoas". Imagine, uma métrica que leva em consideração os sorrisos das pessoas!
O grupo ainda discutiu sobre como experiências podem mudar percepções do público. O que o público vai pensar, o que o público vai ver, o que o público vai dizer e sentir, e aí influenciar outras pessoas.
É a geração e a era da "Experience Over Things".
Hoje em dia você pode comprar um paraquedas no seu celular, mas comprá-lo e a marca te convidar para usá-lo ao pular de um prédio é toda uma outra história que vai marcar a sua vida. Então é necessário pensar muito bem antes de encher um stand de brindes bobos, comuns e baratos ao invés de gerar uma verdadeira conexão com quem está presente.
Para saber mais:
Nonfiction Design
Instagram: https://www.instagram.com/nonfiction.design/
Ted Talk da Phnam Bagley: What Will Future Astronauts Eat?
Hermès Is Suing a Digital Artist for Selling Unauthorized Birkin Bag NFTs in the Metaverse for as Much as Six Figures: https://news.artnet.com/art-world/hermes-metabirkins-2063954
Meow Wolf
Site: https://meowwolf.com/
Instagram: https://www.instagram.com/meow__wolf/
AnyRoad
Site: https://www.anyroad.com/
Roblox



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